O diretor-geral da Saúde reconheceu hoje que os portugueses com cancro não são todos tratados da mesma maneira e que os rastreios oncológicos não funcionam da mesma forma ao longo do país.
Francisco George Diretor Geral da Saúde
Oncologia: Doentes não são tratados da mesma forma
in Agência Lusa
Francisco George diretor-geral da Saúde Oncologia:"Doentes não são tratados da mesma forma!Os cidadãos têm de ser diagnosticados e tratados da mesma forma, como têm direito". |
Francisco George falava durante a apresentação da ONCOagenda, um documento elaborado por 17 peritos em saúde e oncologia, no qual é defendido um financiamento das estruturas oncológicas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que se adapte ao tipo de tratamento de cada tumor.
Para o diretor-geral da Saúde, todos os contributos -- como este hoje apresentado -- são "bem-vindos".
"Temos de assegurar a equidade" no acesso aos rastreios e ao tratamento do cancro, disse o especialista em saúde pública, reconhecendo que esta nem sempre existe em Portugal.
A esse propósito, explicou que os rastreios não funcionam da mesma forma ao longo do país, nomeadamente a cancros como o do colo do útero, da próstata ou colon retal.
"Os cidadãos têm de ser diagnosticados e tratados da mesma forma, como têm direito", defendeu Francisco George Diretor Geral da Saúde.
Francisco George lembrou ainda que quase um quarto dos portugueses morre antes de atingir os 70 anos e que, para tal, contribui de forma importante o cancro.
O responsável defendeu uma acção a três frentes: criação de normas de orientação em oncologia, a consolidação dos institutos portugueses de oncologia como instituições de referência e o reforço das redes regionais de proximidade dos carcinomas mais comuns.
Na apresentação da ONCOagenda, o oncologista do IPO do Porto António Araújo lembrou os números dos mortos por cancro no mundo: 7,6 milhões em 2008 que aumentará para 17,6 milhões em 2030.
No que diz respeito ao financiamento das estruturas oncológicas do SNS, o grupo de peritos que elaborou este documento considera que este "não deverá ser de base capitacional nem deverá estar ligado a atos de saúde concretos", lê-se na proposta a que a Lusa teve acesso.
"Um preço compreensivo por patologia, segundo uma tabela nacional rigorosa de actos e procedimentos (custo versus pagamento), baseado em linhas de orientação clínicas nacionais, independente das pessoas e com estímulos diferenciadores (de acordo com o índice de procura/referenciação do médico de família), permitiria um financiamento mais real e mais adequado a cada centro", lê-se na proposta que os peritos vão entregar à tutela.
Os especialistas consideram que "esta forma de financiamento terá, necessariamente, que ter também em linha de conta o crescente uso das terapêuticas orais, devendo ser independente da forma ou local de administração (sistémica ou oral, em internamento ou ambulatório), e a utilização de cirurgia minimamente invasiva".
Nesta lógica, permitir-se-ia que "as terapêuticas mais recentes (habitualmente, mais dispendiosas) fossem usadas em ambientes controlados nos centros de referência, possuidores de uma experiência maior na investigação clínica".
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